ANÁLISE DO TEXTO "ANIMAÇÃO CULTURAL" - VILÉM FLUSSER


          
Preciso admitir que a primeira leitura desse texto foi, de certa forma, angustiante pra mim, afinal, ter minha posição de privilégio questionada com argumentos tão válidos por um bando de objetos é, no mínimo, muito incômodo. Quando me refiro a "posição de privilégio" eu não sei bem ao certo se nós, seres humanos, ainda somos detentores desse poder. Entretanto, antes de escrever essa análise, fiz mais uma leitura do texto para, enfim, poder pensar sobre ele sem o sentimento de afronta que havia sentido na primeira vez. 

O texto aborda uma distopia de viés revolucionário na qual os objetos, após séculos de submissão aos humanos, planejam sua emancipação por meio da inversão dos valores mundanos, ou seja, a dominação da objetividade sobre a animalidade. Para isso, os objetos planejam destruir a única coisa que os distancia de atingir tal feito: a produção cultural. Ao meu ver, essa não é uma realidade tão distante visto que a cultura no contexto contemporâneo torna-se cada vez mais um mero instrumento de poder capitalista. Ademais, não pude deixar de associar esse manifesto com o livro "A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica", de Walter Benjamin. No livro, ele argumenta que, na ausência de qualquer valor tradicional, a arte na era da reprodução mecânica seria inerentemente baseada na prática política. Tal afirmação sempre foi verídica em todos os contextos históricos, mas o que torna possível que os objetos atinjam seu objetivo de dominação, isto é, tratar a cultura apenas como conjunto lúdico, é a alienação da humanidade pelos meios de comunicação, fato que estamos vivenciando hoje, mais do que nunca. 

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