Restrição vs Ampliação: Corpo e Próteses

Flusser tava certo quando disse que todo objeto é um obstáculo. Existe alguma possibilidade de criar algo menos obstacularizante? Fazendo essa pergunta agora, parei pra pensar sobre a essência do meu objeto. Eu escolhi um amontoado de colares, ele já estava assim quando eu o encontrei. Antes de ser isso, isto é, quando todos os fios ainda não haviam se embaralhado, eles eram apenas colares. Um colar possui uma função muito específica, que é de colocar no pescoço. É claro que existem outras formas de se usar um colar, mas o que eu quero dizer é que ele foi criado com um propósito, e esse propósito, por sí só, já é um obstáculo. Mas e antes do colar, o que existia? No meu objeto existem miçangas, fios de lã, correntes de metal, pérolas, couro, nylon, etc. Como existem muitos materiais diferentes, vou me prender à comparação de dois deles. Ao comparar uma miçanga a um fio de lã (ambos utilizados como matétia prima para a formação de dois dos colares), fica muito claro que a miçanga possui um uso muito mais específico, sendo assim, um objeto mais obstacularizante do que um fio de nylon. Ora, é claro que um pedaço de plástico colorido e com um furo que atravessa de uma extremidade a outra sugere um determinado tipo de uso muito mais do que um fio de lã, que nada mais é do que lã, mas em fio. Enfim, essa dissecação poderia se prolongar muito mais, analisando cada coisa que foi transformada (ou se transformando) em algo, mas o ponto aqui é o meu objeto escolhido para a atividade. Depois de falar isso tudo, o que eu quero dizer é que o meu não-objeto, apesar de sua complexidade por ser formado por várias coisas, algumas mais obstacularizantes do que outras, não sugere nada. Ao invés de sugerir, ele transmite.



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